A FÍSICA QUÂNTICA É POP

 

O desafio do físico Amit Goswani não é pequeno: ele quer falar para muitos e tenta integrar duas culturas, do Oriente e do Ocidente, usando a linguagem da ciência para investigar temas do mundo espiritual. É no mínimo, instigante!


O físico quântico de origem indiana Amit Goswami, que atualmente leciona na Universidade
de Oregon, nos Estados Unidos, se tornou conhecido pela participação no documentário Quem Somos Nós.
Em agosto de 2007, ele esteve por aqui no Brasil para o evento Yoga Pela Paz e aproveitou para dar uma série de palestras, sempre lotadas. O grande interesse em ouvirsuas palavras é que Goswami tem um discurso que ganha cada vez mais projeção: a explicação do que é espiritualidade pelo viés da ciência.
E foi sobre isso - e também sobre a criatividade e o amor - que ele conversou com Bons Fluidos.
O que é física quântica e o que isso tem a ver com felicidade?
Física quântica se originou na física. Para entendê-la, precisamos entender o conceito de consciência. De acordo com a física quântica, objetos são possibilidades, mas possibilidades não são eventos reais. A questão é: o que converte possibilidades em eventos? A consciência.
Como o senhor mostra que a física quântica tem mais relação com o dia-a-dia do que imaginamos?
Existem coisas para as quais não temos uma explicação lógica. Por exemplo, há pessoas que têm curas espontâneas de doenças incuráveis, como um câncer terminal. Há outras experiências cotidianas para as quais também não temos explicação: as criativas, as de amor e as espirituais.
E é aí que mora o reconhecimento da física quântica: naquilo para o qual acreditamos não ter uma explicação lógica. Só não percebemos isso em nosso dia-a-dia por conta das travas do ego.
Por que a noção do ego é tão forte?
Porque estamos condicionados. E a maioria de nós vive de acordo com um condicionamento muito rígido desde a infância. O sistema educacional não absorveu a importância da criatividade, da abertura de consciência e da diversidade na educação.
Como o senhor entende a espiritualidade?
A espiritualidade pode ser definida de muitas maneiras. Em minha opinião, se você é espiritual, está tentando expressar as virtudes que chamamos de divinas em sua própria vida, como amor, beleza, justiça, verdade, bondade. Se você não está lidando com virtudes como essas, dizer-se espiritual não tem sentido.
As religiões, como as conhecemos, podem nos distanciar da verdadeira espiritualidade?
Sim. A religião praticada da forma popular pode nos afastar da espiritualidade. Mas todas as religiões têm um centro esotérico, no qual entendem a espiritualidade perfeitamente. Em outras palavras, as religiões não excluem a espiritualidade. Infelizmente, religiões também buscam a popularidade para conseguir suporte financeiro e aí aspectos espirituais se perdem em imagens muito populares, como céu, inferno e coisas do gênero, que complicam a situação na mente das pessoas.
Na tradição católica, somos ensinados a temer a Deus.
O fato é que as tradições esotéricas são as primeiras a ensinar que o medo nos separa de Deus. Para chegar a Deus, devemos superar o medo e nos aproximar do amor.
O que é intuição para o senhor? Dá para desenvolvê-la?
É possível desenvolvê-la porque todos a temos. A maioria das pessoas não se esforça conscientemente em desenvolver a intuição, mas tem momentos de intuição. Com esforço, é possível se tornar criativo. O que a criatividade permite é experimentar a intuição de forma total. Por meio dela, os problemas são resolvidos sob o domínio da alma, que eu chamo supramental. Assim, em vez de momentos, conseguimos insights legítimos para os arquétipos que definem o domínio supramental. Conseguimos realmente ter uma idéia do que deve ser o amor, a verdade. As representações desses insights são conhecidas como ciência, artes, música, literatura.
 Fonte : Mariana Lemann-Revista Bons Fluidos - 09/2007

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